Dia 32 - Viagem de esquimó, voo cancelado e um tombo: os perrengues do último dia

 A noite foi longa. Muito longa.

O motorista do ônibus parecia empenhado em não deixar ninguém dormir: fez pelo menos sete paradas e em todas acendia as luzes e anunciava o local com entusiasmo.

Eu me encolhi no assento, coloquei a jaqueta, o capuz cobrindo os olhos, e tentei dormir naquele frio de esquimó.
Sério! Esse povo tem algum problema com ar-condicionado!

A primeira parada foi logo depois de uma hora de viagem: a fronteira com os Estados Unidos. Tivemos que descer do ônibus e passar pela imigração. Os agentes escanearam nossos passaportes e em seguida seguimos viagem.

As demais paradas foram para embarque e desembarque de passageiros — e, claro, para os momentos de necessidade fisiológica. Eu, porém, mal me mexia. Cobri o rosto o máximo possível e só abri os olhos de novo quando chegamos, às 7h da manhã, na rodoviária, em plena Times Square.

Descemos do ônibus ainda grogues de sono e frio. Entramos num café ali mesmo na estação, onde escolhemos um croissant e algo quente para acordar, e seguimos a pé até a Quinta Avenida. Caminhamos sem rumo até que as lojas começaram a abrir, uma a uma. 

Aproveitamos para fazer mais algumas comprinhas e, por volta das 11h, pegamos o metrô e o ônibus rumo ao aeroporto de LaGuardia, de onde partiríamos para Miami e, finalmente, São Paulo.

Chegamos perto do meio-dia, com o checkin feito e sem despachar malas. 

Almoçamos e chegamos ao portão de embarque com duas horas de antecedência.

Mas o painel logo começou a piscar com um aviso de atraso. Ainda assim, parecia que daria tempo para pegar a conexão.

Passou mais meia hora… e mais um atraso. Agora, já não daria mais tempo para a conexão com o voo de São Paulo.

O Mo encontrou alguns palmeirenses que estavam no mesmo voo e todos foram juntos até o balcão da Delta para tentar resolver a situação.

Dali em diante, começaram a pipocar avisos de voos atrasados e cancelados. A justificativa era o mau tempo.

A fila da Delta cresceu rapidamente. Por sorte, estávamos entre os primeiros. Ainda assim, demoramos mais de uma hora para sermos atendidos. Remarcamos nosso voo para o dia seguinte, à noite. Reservamos um hotel em Nova York por nossa conta, já que a Delta informou que, em caso de mau tempo, eles não ofereceriam hospedagem.

Nos despedimos dos palmeirenses, que ainda tentavam resolver seus próprios voos, e seguimos em direção ao transporte público.

Estávamos saindo do aeroporto quando avistamos o ônibus chegando. Saímos correndo para não perdê-lo.

O Mo conseguiu alcançá-lo. Eu, não.

No meio do caminho, tomei um dos maiores tombos da minha vida. Aterrisei de cara no chão e lá fiquei. Não conseguia me mexer.

Um senhor da limpeza veio me ajudar a levantar. Na testa, um corte e um galo do tamanho de uma bola de tênis.

O Mo ficou por um tempo sem entender o que tinha acontecido — não me via e não sabia se eu tinha conseguido entrar no ônibus ou não. Quando me viu caída, correu até mim.

Voltamos para dentro do aeroporto. O Mo conseguiu gelo na Starbucks e eu fiquei sentada numa cadeira de rodas que encontrei por ali, com gelo na testa tentando me recompor.

Ficamos quase duas horas ali. O Mo foi acionando o seguro viagem, enquanto eu ligava para os filhos e me acalmava aos poucos.

Depois de dois copos cheios de gelo e muita paciência, a bola de tênis foi diminuindo e comecei a me sentir mais tranquila.

Um agente do aeroporto se aproximou e quis chamar uma ambulância. Agradeci, mas não quis. Pedi apenas um band-aid. Ele trouxe.

Mais calma, colocamos o curativo e seguimos de ônibus e metrô até o hotel que havíamos reservado.

Lá, deixamos nossas coisas e fomos jantar no restaurante coreano que ficava grudado ao hotel.

Depois do jantar… O  merecido descanso!

Espero amanhã não acordar com a cara toda roxa!
  

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