Desta vez, nos superamos! Dormimos praticamente na rua, pois o Posto JD Combustíveis fechava às 21h e ficamos do lado de fora. Não podíamos nem atravessar a cordinha... O frentista nos avisou que, se fizéssemos isso, o alarme iria disparar.
Quando voltamos do "jantar" — o lanchinho rápido no restaurante — tivemos que dar a volta na esquina inteira, preocupados com o tal alarme.
Tomamos banho na camper, aquele banho rapidinho, com medo de a água acabar no meio do caminho. Temos apenas 90 litros na caixa d'água, o que, na minha casa, não dá nem para um banho.
Mas, no fim, deu tudo certo. Mesmo estando na rua, nos sentimos seguros e dormimos tranquilamente até as 6h da manhã, quando um novo frentista chegou com seu carro para abrir o posto. O barulho me assustou!
Às 7h, já estávamos arrumando a camper e fechando tudo. Às 7h30, depois de abastecer, já estávamos tomando café na conveniência do posto. Um lugar super limpo, novo e bem organizado. E o atendimento? Fora de série!
Posto JD Combustíveis |
Acabado o café, em 10 minutos, já estávamos na aduana, em Bernardo de Irigoyen, na província de Misiones, vizinha de Dionísio Cerqueira, que é a última cidade do Brasil. O lugar nem parece uma divisa de países; uma simples rua separa o Brasil da Argentina.
A aduana foi super tranquila. Só tínhamos nós, mostramos nossos RGs, o documento do carro e pronto. Não verificaram o carro, porta-nalas, nada.
Parados em frente a casinha cor de telha: a aduana! |
Divisa dos países - Dionísio Cerqueira/ Bernardo de Irigoyen |
Quando estávamos preparando as coisas para essa viagem, incluímos na bagagem apenas enlatados e alimentos industrializados: milho, grão-de-bico, arroz, feijão, molho, macarrão… Nenhuma carne, embutidos, frutas ou verduras, como lemos em várias dicas na internet.
Mas nada disso foi verificado. Poderíamos ter trazido tudo!
Em frente a aduana, do outro lado da rua, trocamos reais por pesos argentinos. Já havíamos pesquisado que a cotação estava por volta de 208 pesos por real. A casa de câmbio pagou 205. Achamos um bom valor. Não quisemos arriscar com aquele pessoal que fica abordando na rua, mesmo pagando até 215. Trocamos 3000 reais e vamos ver quanto tempo vai durar.
A atendente da casa de câmbio mora no Brasil. Perguntei a ela se com 3000 reais conseguiríamos viver o resto do ano na Argentina. Ela disse que, infelizmente, não!
A cidade de Bernardo de Irigoyen é repleta de casas de vinhos. Parece que o pessoal do Brasil atravessa a fronteira, compra vinho e volta!
Deixamos o lugar e seguimos por estradas muito bonitas, com muito verde e montanhas. Tinha até mirantes!
Chegando a San Vicente, paramos em um supermercado para abastecer a "dispensa" de carnes, frutas e verduras, além, é claro, do vinho.
Achamos os preços bem similares aos do Brasil. Vinhos a partir de 18 reais, frutas a 20 reais o quilo e carne a 60 reais o quilo. Nada de mais.
Encontramos no estacionamento um casal brasileiro, paranaenses, com uma Bunker... Um carro sensacional montado pela Vitória Motor Homes em uma Hilux. Aposentados... Estavam iniciando uma viagem de 2 meses pela Argentina. Eeeee beleza!
Do supermercado, seguimos para o nosso destino final: Posadas!
Supermercado em San Vicente |
Dividam o preço por 200... |
Bunker da Vitória Motor Home - Sensacional! |
Chegamos à cidade de Posadas perto das 16h e fizemos o check-in no Camping Municipal Miguel Lanús.
O lugar é muito bonito, com vista para o Rio Paraná. A estrutura é nova, bem organizada, com baias de churrasqueira, piscina para adultos e crianças, banheiros limpíssimos, restaurante, conveniência e excelente segurança, com salva-vidas e guardas por toda parte. Parece um resort! A única diferença é que dormimos em nossos motorhomes ou campers.
E o preço? 90 reais o casal! Sensacional!
O que falta aqui? Sombra! As árvores ainda são "filhotes". Estava um calor infernal quando chegamos. A intenção era fazer o almoço na Camper, mas foi impossível. O máximo que consegui foi pegar alguns frios, cerveja, batatinha e levar para a piscina.
Esse foi nosso almoço. Ficamos na piscina até ela fechar, às 19h.
Enquanto nos refrescávamos, chegou um casal brasileiro e puxou conversa. Era um casal aposentado, "patriotas" perseguidos pelo AM.
Eles contaram sua história: a ida a Brasília no 8 de janeiro, o "campo de concentração" e a luta até agora. Polícia federal na porta, contas bloqueadas, carros apreendidos, aposentadoria parcialmente retida… O AM permitiu que cada um sacasse apenas 1500 reais por mês, para "sobrevivência".
A depressão e o medo tomaram conta do casal, que agora se esconde na Argentina. Até o Mô, que normalmente não se importa muito com essas histórias, se compadeceu. Eu chorei. O Brasil tem que ser melhor que isso.
No final da tarde, perto do fechamento da piscina, nos despedimos. Eles tinham compromisso com advogados, e eu precisava preparar um jantar decente.
Tomei um banho delicioso e agora estou preparando uma carne na panela de pressão enquanto escrevo esse blog.
Amanhã é dia de conhecer Empedrado!
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