A noite foi quentinha. Tivemos até preguiça de acordar. Fomos os penúltimos a deixar o albergue. O Mô esqueceu as botas no tempo e a madrugada não perdoou. Elas ficaram ensopadas.
Caminhamos ao encontro da Cruz de Ferro, um dos marcos mais significativos do caminho.
Os peregrinos devem trazer consigo uma pedra (do lugar de onde vieram) e joga-la na cruz. Essa simbologia é para libertar de todas as cargas e culpas que vem carregando consigo ao longo da vida. A pedra deveria ser tão grande quanto os próprios pecados. (O problema é que pagaríamos excesso de bagagem!!).
Depois de uns 5 km passeando pelo alto da montanha iniciou-se uma longa e acidentada descida, comparável a descida do Alto do Perdão.
O sol estava de rachar. As pernas pediam pelo amor de Deus, pára!
Colocou as meias, uma sacola plástica em cada pé, calçou as botas molhadas e deixamos o velho oeste com uma temperatura de 3 graus. Estava de doer.
Não andamos nem 2 km e lá estava ela, sobre uma montanha de pedras.
A cruz de ferro é pequena, mas está sustentada por uma aste de madeira que tem 5 metros.
Deixamos nossa pedrinha, fizemos nossas orações, pedi em especial pela mãe de uma amiga, que tenho certeza está no melhor dos lugares, e depois seguimos.
A caminhada teve uma vista incrível. Só comparável aos Pirineus. O dia ensolarado, limpo, as montanhas com um pouquinho de neve, os pássaros, tudo...
Com o joelho já reclamando, fizemos uma parada em El Acebo para uma salada e cerveja.
Depois continuamos por mais uma trilha muito difícil. Íngreme e com muitas pedras.
Paramos novamente em Molinaseca, uma vila graciosa. Em um bar junto ao rio encontramos um grupo de brasileiros de Registro que estavam de bicicleta. Conversamos rapidamente. Já batia 16 h e ainda tínhamos 8 km pela frente.
Mas justo hoje o Mô reservou um hotel em Ponferrada para descansarmos e comemorarmos o dia dos namorados. Não imaginamos que este dia de descida seria tão duro.
Assim seguimos debaixo do sol forte até a Ponferrada.
Saímos de 1500 metros e 3 graus e chegamos a 500 metros e quase trinta graus.
Foi dureza.
Chegamos 18 h e assim que passamos pelo centro histórico encontramos com a Mercedes e o Alceu.
Ela estava bem chateada.
Acabou o caminho para nosso amigo espanhol José. A tendinite é grave, carece de repouso.
O Alceu também passou pelo médico. Está com um estiramento na coxa, mas vai continuar.
Nos despedimos e exaustos seguimos para o hotel que ficava a 600 metros dali.
Compramos queijo, presunto cru, vinho e pão e ceiamos no hotel mesmo.
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