Dia 29 - De Chilecito ao Parque Nacional Talampaya: Cuesta de Miranda, paredões gigantes e uma noite congelante

A noite no Camping y Cabañas Inti Huasi, em Chilecito, foi bem fria, mas tranquila. Dormimos com moletom até a cabeça.

Pela manhã, a temperatura ainda marcava 9 graus. Enrolamos bastante para arrumar as coisas e já passava das onze quando decidimos fazer a primeira refeição do dia. Seguimos para o YPF Full, a poucos quilômetros dali.

Camping y Cabañas Inti Huasi - Camping apelidado carinhosamente "camping da bruxa", por conta da infinidade de apetrechos, enfeites, flores, vasos e tudo o que se pode imaginar.

Como já era quase meio-dia, ficamos na dúvida: café da manhã ou almoço? Optamos por experimentar o bife à milanesa, prato que está presente em praticamente todos os restaurantes argentinos. Não é o nosso preferido… mas era o que tinha pra hoje. A porção era tão generosa que daria tranquilamente para nós dois. Como não sabíamos, pedimos um prato para cada — e, claro, sobrou comida.

Optamos pelo almoço no YPF Full

Depois do almoço, seguimos viagem pela famosa e cênica Cuesta de Miranda, um dos trechos mais bonitos da Ruta Nacional 40. Essa estrada serpenteia a Cordilheira de Famatina, com curvas fechadas, paredões avermelhados e mirantes de tirar o fôlego. Infelizmente, o tempo estava meio nublado, e, ao atingir mais de 2.000 metros de altitude, a neblina cobriu tudo. A visibilidade caiu a quase zero. Mas, à medida que fomos descendo a serra, o sol reapareceu e o céu se abriu em azul intenso. A temperatura, que havia chegado a 5 graus, subiu rapidamente para 17 graus. Muito louco!

No caminho, cruzamos com ciclistas enfrentando a subida do cerro naquela friaca. Deu dó! Pareciam até estar pagando alguma penitência.
 


Estrada completamente vazia...


Após esse trecho, seguimos pela Ruta Nacional 76, rumo ao Parque Nacional Talampaya. Compramos os ingressos para o passeio no parque no dia anterior: R$ 260 por pessoa, que incluíam um tour guiado de duas horas, passando por inscrições rupestres e pelas impressionantes paredes de barro vermelho que fazem a fama do lugar.

O passeio estava marcado para as 16h, e nos pediram para chegar às 15h. Cumprimos o horário e, na recepção, nossas reservas já estavam registradas. No entanto, tivemos que pagar uma taxa adicional de R$ 100 por pessoa para entrar no parque. Também fizemos a reserva para o camping local no restaurante do centro turístico, por mais R$ 35 por pessoa. Realmente…o passeio ficou caro.

Pontualmente às 16h, dois ônibus com pneus gigantes 4x4 nos levou, junto a mais de 50 turistas, para o passeio guiado de 46 km (ida e volta) pelo interior do cânion.

Foram quatro paradas:
1. Inscrições rupestres: Na base de enormes paredões, vimos gravuras deixadas pelos povos originários há milhares de anos. Entre as figuras estavam representações de animais e formas humanas – uma conexão direta com o passado ancestral da região.
2. Jardim Botânico do Deserto: Um pequeno trecho com vegetação nativa do deserto, onde o guia explicou sobre as espécies que conseguem sobreviver ao clima extremo do parque, como o retamo, o algarrobo e os cactos, todos adaptados a longos períodos de seca e variações brutais de temperatura.
3. A Catedral: Um gigantesco paredão rochoso com formações verticais que lembram a fachada de uma catedral. O silêncio do local e a grandiosidade do paredão criam um ambiente realmente impactante.
4. As esculturas naturais: A parada final foi para observar formações esculpidas pelo vento e pela chuva, batizadas de O Bispo e A Torre . A imaginação viaja fácil entre essas esculturas, moldadas pela natureza ao longo de milênios.

Havia outras opções de passeio. Mas escolhemos esse que é chamado de clássico. 

O lugar realmente impressiona. É belíssimo. Embora o preço seja bem alto, o visual e a experiência compensam. O trajeto do passeio é feito pelo leito seco do rio Talampaya, por isso, nos períodos de chuva (raríssimos por aqui), os passeios são suspensos. Na maior parte do ano, no entanto, o tempo seco permite a visita.

As temperaturas da região são extremas: pode fazer -5°C na madrugada e atingir 30°C no mesmo dia. A vegetação local precisa ser extremamente resistente. E os visitantes também!

Após o tour, voltamos ao centro turístico administrativo e montamos a Camper. Estamos com dois vizinhos acampando em barracas de chão — deu até dó! O vento está cortante, típico do deserto de Talampaya, e a noite promete ser ainda mais fria e ventosa.
  




O camping oferece banheiro com chuveiro quente e um restaurante que funciona até às 22h. Jantamos um ensopado de carne com legumes e ficamos no restaurante até o fechamento.

Já tarde da noite, recolhemos para a Camper. Amanhã tem mais estrada e mais descobertas.

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