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A noite no Camping y Cabañas Inti Huasi, em Chilecito, foi bem fria, mas tranquila. Dormimos com moletom até a cabeça.
Pela manhã, a temperatura ainda marcava 9 graus. Enrolamos bastante para arrumar as coisas e já passava das onze quando decidimos fazer a primeira refeição do dia. Seguimos para o YPF Full, a poucos quilômetros dali.
Camping y Cabañas Inti Huasi - Camping apelidado carinhosamente "camping da bruxa", por conta da infinidade de apetrechos, enfeites, flores, vasos e tudo o que se pode imaginar. |
Como já era quase meio-dia, ficamos na dúvida: café da manhã ou almoço? Optamos por experimentar o bife à milanesa, prato que está presente em praticamente todos os restaurantes argentinos. Não é o nosso preferido… mas era o que tinha pra hoje. A porção era tão generosa que daria tranquilamente para nós dois. Como não sabíamos, pedimos um prato para cada — e, claro, sobrou comida.
Depois do almoço, seguimos viagem pela famosa e cênica Cuesta de Miranda, um dos trechos mais bonitos da Ruta Nacional 40. Essa estrada serpenteia a Cordilheira de Famatina, com curvas fechadas, paredões avermelhados e mirantes de tirar o fôlego. Infelizmente, o tempo estava meio nublado, e, ao atingir mais de 2.000 metros de altitude, a neblina cobriu tudo. A visibilidade caiu a quase zero. Mas, à medida que fomos descendo a serra, o sol reapareceu e o céu se abriu em azul intenso. A temperatura, que havia chegado a 5 graus, subiu rapidamente para 17 graus. Muito louco!
No caminho, cruzamos com ciclistas enfrentando a subida do cerro naquela friaca. Deu dó! Pareciam até estar pagando alguma penitência.
Após esse trecho, seguimos pela Ruta Nacional 76, rumo ao Parque Nacional Talampaya. Compramos os ingressos para o passeio no parque no dia anterior: R$ 260 por pessoa, que incluíam um tour guiado de duas horas, passando por inscrições rupestres e pelas impressionantes paredes de barro vermelho que fazem a fama do lugar.
O passeio estava marcado para as 16h, e nos pediram para chegar às 15h. Cumprimos o horário e, na recepção, nossas reservas já estavam registradas. No entanto, tivemos que pagar uma taxa adicional de R$ 100 por pessoa para entrar no parque. Também fizemos a reserva para o camping local no restaurante do centro turístico, por mais R$ 35 por pessoa. Realmente…o passeio ficou caro.
Pontualmente às 16h, dois ônibus com pneus gigantes 4x4 nos levou, junto a mais de 50 turistas, para o passeio guiado de 46 km (ida e volta) pelo interior do cânion.
Foram quatro paradas:
1. Inscrições rupestres: Na base de enormes paredões, vimos gravuras deixadas pelos povos originários há milhares de anos. Entre as figuras estavam representações de animais e formas humanas – uma conexão direta com o passado ancestral da região.
2. Jardim Botânico do Deserto: Um pequeno trecho com vegetação nativa do deserto, onde o guia explicou sobre as espécies que conseguem sobreviver ao clima extremo do parque, como o retamo, o algarrobo e os cactos, todos adaptados a longos períodos de seca e variações brutais de temperatura.
3. A Catedral: Um gigantesco paredão rochoso com formações verticais que lembram a fachada de uma catedral. O silêncio do local e a grandiosidade do paredão criam um ambiente realmente impactante.
4. As esculturas naturais: A parada final foi para observar formações esculpidas pelo vento e pela chuva, batizadas de O Bispo e A Torre . A imaginação viaja fácil entre essas esculturas, moldadas pela natureza ao longo de milênios.
Havia outras opções de passeio. Mas escolhemos esse que é chamado de clássico.
O lugar realmente impressiona. É belíssimo. Embora o preço seja bem alto, o visual e a experiência compensam. O trajeto do passeio é feito pelo leito seco do rio Talampaya, por isso, nos períodos de chuva (raríssimos por aqui), os passeios são suspensos. Na maior parte do ano, no entanto, o tempo seco permite a visita.
As temperaturas da região são extremas: pode fazer -5°C na madrugada e atingir 30°C no mesmo dia. A vegetação local precisa ser extremamente resistente. E os visitantes também!
Após o tour, voltamos ao centro turístico administrativo e montamos a Camper. Estamos com dois vizinhos acampando em barracas de chão — deu até dó! O vento está cortante, típico do deserto de Talampaya, e a noite promete ser ainda mais fria e ventosa.
O camping oferece banheiro com chuveiro quente e um restaurante que funciona até às 22h. Jantamos um ensopado de carne com legumes e ficamos no restaurante até o fechamento.
Já tarde da noite, recolhemos para a Camper. Amanhã tem mais estrada e mais descobertas.
- Norte da Argentina
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