Dia 31 - O Pedrouzo - Santiago de Compostela - 20 km
Demorei a escrever o dia de hoje. Foi um dia atribulado e queria que as emoções se assentassem para que fosse possível reproduzir um pouquinho do que essa experiência representou.
Para alguns andar 800 km é só uma aventura exótica.
Talvez seja mesmo. Tem que gostar de caminhar, tem que ter disposição para treinar, tem que ter paciência de fazer pequenos trechos por dia num ritmo que não comprometa a saúde física e emocional. Tem que controlar as dores com pomadas, Compids, relaxantes musculares, mas também com a cabeça. Ninguém fica livre delas.
No caminho experimentamos a gentileza, a compreensão, a ajuda mútua, o partilhar histórias de vida, remédios, banheiros, quartos e comida.
Não tivemos muitas oportunidades de participar de almoços e jantares comunitários. Não tivemos ou não quisemos por cansaço, preguiça ou até falta de vontade de interagir com os outros peregrinos. Acho que isso foi um erro. Enriquecemos muito nossas vidas quando nos dispusemos a ouvir. E ouvir nunca foi muito meu forte.
Como diz o Mô, general não abandona o posto nem quando é peregrina!
Mas a oportunidade não passou. Ela está presente todos os dias da nossa vida. Vou tentar fazer esse exercício, lembrando do que passamos quando éramos peregrinos.
Hoje chegamos a Santiago.
Acordamos muito cedo e caminhamos por 5 km no escuro.
Queríamos assistir a missa do peregrino celebrada ao meio dia.
Fizemos uma primeira parada para o café e a segunda parada no Monte do Gozo a 5 km de Santiago onde há um albergue para 500 pessoas. No total percorremos 20 km.
Parada para o café |
Amanhecendo |
Monte do Gozo |
Monte do Gozo |
Troquei de roupa e saímos correndo para a missa.
Na porta já havia uma fila com seguranças para verificar bolsas para entrar na Catedral.
A igreja estava lotada. Foi uma cerimônia familiar a qualquer católico, com todos os ritos conhecidos enriquecidos com uma espécie de canto gregoriano acompanhado do som dos órgãos barrocos e finalizada com o botafumeiro, um enorme incensário amarrado a oito cordas, movimentado por oito monges produzindo um balanço como um pêndulo, de um lado para outro da catedral, até quase bater na teto. A imagem é impressionante. A fumaça provocada pela queima do carvão figura como purificação da catedral.
Fiquei bastante emocionada. Não esperava.
Ouvimos dizer que já não é comum esse espetáculo. Somente acontece quando um doador paga 300 euros ou em ocasiões especiais.
Achei aquilo um presente e uma recompensa por tantos dias de peregrinação.
Depois de terminada a missa fizemos a visita ao túmulo de São Thiago que fica no centro da igreja, junto ao altar.
Em seguida encontramos o Ivo e a Carmen que também foram assistir a missa.
De lá saímos para as “fotos oficiais” com o Alceu e a Mercedes e para buscar a Compostela, o certificado de peregrinação.
A fila demorou quase uma hora. Na saída da oficina do peregrino nos perdemos dos dois.
Fila na entrada da catedral |
Botafumeiro na catedral |
Precisam de oito pessoas para balançar o gigante botafumeiro da catedral de Santiado |
Fachada da catedral |
Comemorando a chega |
Comemorando a chegada |
Compostela |
De lá fomos a rodoviária para comprar passagens para Bayona, onde passaremos alguns dias. Não conseguimos as passagens. O vendedor da Mombus, nada cortes, disse que deveríamos comprar na hora! Ok então...
A noite encontramos novamente com a Mercedes e com o Alceu. Nos despedimos e desejamos “Bom Caminho”.
Eles seguem por mais três ou quatro dias até Finisterre. A Ana da Croácia estará com eles.
Esses peregrinos brasileiros foram nossos companheiros em tempo integral por quase uma semana. Pessoas queridas que ficarão para sempre em nossos corações.
Um grande beijo e bom final de viagem!
Anoiteceer...Vista de nosso albergue para a cidade:
Anoitecer |
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