Dia 3 - Trilha da Vila do Abrão

A Praia do Bananal, com águas azuis e transparentes, é um dos principais pontos turísticos de Ilha Grande. O local foi colonizado, em 1950, por japoneses que implementaram fábricas de sardinha. Com a pesca predatória e escassez da matéria-prima, as fábricas fecharam e em seu lugar surgiram as primeiras pousadas.
Essa praia também foi palco de um triste episódio, quando no réveillon de 2010, após fortes chuvas, um deslizamento de terra matou mais de 50 pessoas.

O dia de hoje prometia ser difícil.

Acordamos as 7 da manhã, arrumamos toda a nossa bagagem na mochila, tomamos o delicioso café, e nos despedimos da Vila do Abrão.

Estudamos muito o mapa de trilhas, porém não tínhamos informações suficientes para termos a certeza de que chegaríamos caminhando a praia do Bananal. Não sabíamos como estavam as trilhas.

Com o mapa na mão seguimos pela trilha T1 até a Praia Preta, a mesma das Ruínas de Lazareto.

Mapa T1 - T2 - 8.900 metros - Subida íngreme

Num percurso tranquilo de uma hora, passando pela pequena vila, chegamos ao primeiro ponto turístico, o aqueduto construído em 1893 a pedido de D. Pedro II, que levava água do córrego do Abraão para as ruínas do Lazareto. A construção tem 125 metros de comprimento e 30 metros de altura, porém conseguimos ver só um pedacinho. O resto está tomado pela floresta.

Próximo ao aqueduto, estava o Poção. Um lindo poço formado em meio à mata.

Deixando a Praia do Abraão

Praia do Abraão

Alcançando a Praia Preta

Nossa trilha

Sentido Aqueduto

Ruínas do Aqueduto

Uma das poucas placas indicativas do caminho

Parada para refresco

O segundo trecho, pela T2, durou cerca de 2 h, com muita subida e descida até o Saco do Céu. Neste percurso duro, nos perdemos um pouco e acabamos na Praia da Feiticeira. Foi lá que um ambulante nos informou que estávamos no caminho errado. Ele disse: é só seguir as torres elétricas. Voltamos uns 400 metros até retomar a "mal sinalizada" trilha. Ainda bem que os cabos elétricos estavam todos lá!

Retornando à trilha original, passamos pela entrada da Cachoeira da Feiticeira mas resolvemos pular essa visita. O caminho já estava bem longo, e a subida íngreme aumentaria nossa viagem em mais uma hora.

Depois de uma descida íngreme, chegamos ao Saco do Céu, um porto de parada para o almoço oferecido nos barcos de passeio. O local é pitoresco, com muitos labirintos que são as "ruas" que ligam um lado a outro da vila.

Do Saco do Céu pegamos mais uma trilha dura, a T3, passando pela Praia do Funil, até a praia de Japariz, onde almoçamos no Restaurante Lagoa Azul. Peixe frito, arroz, feijão e cerveja. Uma refeição sensacional para quem já estava caminhando a mais de 6 horas.

No local perguntamos a um barqueiro como era a trilha até o Bananal. O cara riu e disse que era muiiiitoo dura. Eu não acreditei. Achei que o cara queria mesmo que desistíssemos pra ele ganhar "algum" nos vendendo um transfer de barco, pois o local também é um pequeno porto de parada de barcos de passeio.

Depois da barriga cheia, resolvemos seguir a nossa caminhada a pé mesmo.

No caminho passamos pela Freguesia de Santana, com sua igrejinha construída em 1843. Foi neste local que teve início o povoamento da Ilha Grande, com o cultivo do café, legumes e cereais, além de engenhos de açúcar e aguardente. Hoje é um local de parada de barcos de excursão.

Seguimos por mais 2 horas pela T3 e T4 até a praia do Bananal, numa trilha íngreme e duríssima.

Ao final, o barqueiro estava certo. O negócio não era mole não, ainda mais para quem já estava caminhando a mais de 6 horas!

Alcançamos a praia do Bananal depois da subida infernal.

Chegamos na pousada Três Coqueiros, acabados. Foram 7 horas e meia de caminhada com uma parada de uns 40 minutos para almoço. A pousada simples servirá para uma boa noite de descanso. Os proprietários são descendentes dos antigos imigrantes japoneses que implantaram as fábricas de sardinha no local.

Deixamos as coisas no quarto da pousada e corremos para um banho de mar e assistir o por do sol. Sensacional.

Amanhã é dia de encontrar com o pessoal do grupo da Vstrom.