Dia 7 - Estella - Sansol - 29 km

Toda vez que ficamos em albergue municipal solicitam a credencial do peregrino e o passaporte. São documentos obrigatórios!
Os albergues também normalmente abrem as 13 h e fecham as 22 h. O peregrino deve deixar o quarto até as 8 da manhã.
Isso tudo faz parte de um ritual: somos recebidos por voluntários que verificam nossas credenciais, depois somos encaminhados a nossos beliches. Pela manhã cantam as 6:30 h para acordar a todos.
Muitos peregrinos partem as 4, 5, 6 da manhã. Antes mesmo do sol aparecer.
Hoje não foi diferente. Após a cantoria, levantamos acampamento e fomos tomar café num bar na frente do albergue.
Lá encontramos o Pietro,  um espanhol casado com uma brasileira de Itapema. Morou no Brasil por 9 anos e com a crise voltou para a Espanha e trabalha a 4 em um bar e um restaurante da família. Os filhos e a esposa continuaram no Brasil. Só os encontra dois meses no ano. Dureza!

Deixamos Estella com o objetivo de percorrer 29 km até Sansol.
Como os meus pés estão machucados preferi caminhar de sapatilha. E deu certo.
Não choveu como esperávamos. O sol e o caminho que seguia uma estrada de terra bem batida funcionou para os pés. O Mô também fez quase todo o percurso de papete.

Sempre perguntam porque resolvemos fazer o caminho. O Mô tem sempre a resposta pronta: porque minha mulher quis! 
Mas eu... Sempre penso na resposta correta. Hoje quando encontramos com a Ana, a croata de quem já falei, ela deu a resposta certa: faço o Caminho por turismo e pelo desafio. Talvez o Caminho nos traga outras surpresas mas por enquanto é só.

Uma das surpresas boas é a possibilidade de conhecer pessoas de todos os lugares do mundo que estão sempre prontas a ajudar, mesmo que não falem uma palavra da sua língua.

Vemos que os jovens se viram bem em francês, inglês ou espanhol. Os mais velhos só se comunicam em sua língua natal, mas nem por isso deixam de se esforçar em ser entendidos.
Todos fazemos mímicas e em algum momento falamos como índios. Todos sofremos com os pés, as pernas e refletimos sobre o caminho. Todos procuramos alguma coisa que não sabemos bem o que é.

Eu e o Mô não temos pressa. Sabemos que amanhã, depois de amanhã e depois depois de amanhã iremos caminhar. 
Passaremos por muitos monumentos históricos, cruzaremos pontes medievais, atravessaremos a mais antiga rua de uma pequena vila, entraremos em templos e percorreremos os caminhos que nossos ancestrais percorreram. Nem eu sabia que seria assim. Mas é mágico.

O percurso de hoje foi simples, bem calçado e longo. Passamos por muitos vinhedos e algumas vinícolas, entre elas a Irache que disponibiliza uma fonte para quem quiser degustar o vinho (com moderação!)

Fizemos uma parada em Los Arcos para almoçar. No meio da praça principal. No meio de monumentos com centenas de anis. Lá encontramos o trio Croácia, Espanha e Brasil.
Conversamos bastante sobre comida, trabalho, aposentadoria e caminho. Nos despedimos e seguimos por mais 7 km até o albergue Sazol.
A cama 10 euros com lençol e fronha de tnt. 
Jantamos uma paella de frango, 6 euros cada e nos recolhemos. Amanha pretendemos sair mais cedo para poder aproveitar um pouco a cidade de Logronho.

Amanhã tem mais.
Los Arcos:

Nossa janta: paella

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