Dia 18 - Mendoza - Villa General Belgrano

Deixamos Mendoza e fomos em direção ao nordeste.
O Mo optou por uma estrada secundária para evitar o movimento dos carros que iriam sentido Buenos Aires.
Percorremos uns 50 km dentro de pequenas cidades contíguas a Mendoza. Foi um trajeto muito lento.
Depois disso pegamos 300 Km de uma estrada sem movimento, com paisagem sem graça, muito calor e vento.
Paramos para almoçar e abastecer em Villa Dolores. O YPF não tinha gasolina mas resolvemos comer um sanduíche   por lá mesmo e abastecemos num outro posto a poucos metros dali.
Seguindo viagem a estrada chata mudou completamente. Tornou-se montanhosa e com muito verde .
Subimos uma serrinha linda, cheia de casas de veraneio, pousadas e chalés.
Depois descobrimos a razão do local ser tão turístico: um grande rio corta toda a região, tornando-se o lazer das famílias que passam as férias por lá. 
Fomos conhecer o Dique de La Viña que o Mô já tinha ouvido falar e havia marcado no GPS. É uma barragem com uma hidrelétrica onde avistamos de um lado um grande lago e do outro um grande cânion com um pequeno rio. Valeu a visita.
Faltavam 200 km para nosso destino final e a paisagem mudou novamente, mas continuou muito bonita. Subimos uma serra sinuosa, com planícies, vales e rios até chegarmos a 2500 metros de altitude. Era a famosa Ruta 20 "Los Cumbres". 
Descemos essa serra e encontramos uma bifurcação com uma "rotonda" e a placa indicando Villa General Belgrano. Embora o GPS indicasse outra saída, resolvemos seguir a placa. Percorremos uns 10 km num asfalto novinho e de repente surgiu um rio que simplesmente cortava a estrada. Um policial chegou atrás de nós e perguntamos se era assim mesmo e ele respondeu que sim: na cheia só passam carros grandes. Em seguida tivemos a oportunidade de ver uma travessia no rio. Nem em nosso pior pesadelo arriscaríamos uma façanha daquela (só o Fábio seria capaz de um feito desses rsrsrs).
Demos meia volta e seguimos a indicação do GPS entrando novamente numa serrinha estreita, repleta de curvas que depois de Alta Gracia (cidade onde Che Guevara cresceu) ficou muito movimentada com carros e caminhões que seguiam para Cordoba e Carlos Paz.
Quando faltavam exatos 25 km para o nosso destino final desabou o mundo. Como o caminho era muito sinuoso e estreito não achávamos um lugar seguro para parar. A proximidade do nosso hotel fez com que decidíssemos seguir viagem assim mesmo.
Sem a capa de chuva e sem o forro da roupa de cordura em poucos minutos estávamos ensopados.
A visibilidade estava terrível por isso colamos numa Van que estava a nossa frente. 
Esta região fica no meio das montanhas onde descem pequenos rios que deixaram a pista com  muitos pontos de alagamento. Cruzamos vários deles sem saber a profundidade, apenas esperando que a van espalhasse a maior quantidade de água possível, criando um caminho para a moto.
Até que eu pedi para o Mô encostar. Nos abrigamos numa casinha de ponto de ônibus esperando a chuva melhorar  um pouco. Caia raios e até granizo.
Enquanto aguardávamos, uma moça veio pedir socorro para o carro atolado. Tinha se abrigado da chuva num lugar com areia fofa. O Mô e mais um rapaz foram tentar ajudar mas não conseguiram tirar o carro de lá (na verdade ele (Mô) estava morrendo de medo dos raios e voltou para o abrigo o mais rápido que pode!)
Quando a chuva melhorou resolvemos continuar a viagem pois já era 8 da noite, estava escurecendo e faltava apenas 10 km para nosso destino.
Subimos na moto e não andamos nem 1 km quando nos deparamos com um rio cruzando a pista. Fazia até onda. Intransponível (nesse nem o Fábio passava!)
Ficamos ilhados juntos com dezenas de carros. Não podíamos voltar nem  seguir em frente.
O Mô foi perguntar numa casinha se havia algum hotel ou abrigo para passarmos a noite. Não podíamos continuar daquele jeito, encharcados e  debaixo de chuva.
A resposta foi negativa. A casinha que poderiam nos oferecer estava inundada.
Fomos até uma pequena mercearia onde nos abrigamos. Pegamos as malas, trocamos de roupa e ficamos esperando a chuva passar. Tomamos café, comemos sanduíche e aguardamos. 
Por fim, perto das 23 horas a chuva parou.
Chamamos o hotel para saber se disponibilizariam um taxi. Disseram que não. Não queríamos voltar de moto sem saber como estava a estrada, assim pedimos para o dono da mercearia nos levar. Ele aceitou.
Deixamos a moto na frente do comércio e fomos de carro até nosso hotel.
Conseguimos passar pelo primeiro rio e depois por trechos com muita terra, pedra e outros pontos de alagamento, mas andamos só 3 km e paramos novamente. Mais uma vez o trânsito estava interrompido. 
Nosso motorista resolveu voltar para nos deixar em um hotel perto dali, porém ele estava lotado!
Retornamos para a estrada com a intenção de pegar um ônibus (que estava logo a frente). 
Não foi preciso, a meia noite a pista foi liberada e finalmente conseguimos chegar ao hotel. 
Acabou a luz, fomos dormir. 
Foram os 650 km mais longos de nossa viagem.
Bjs

Estradinha sem graça perto das outras...


Super almoço...
Serrinha com muito verde
Caminho para a represa
Caminho para a represa
Represa
Cânion da represa

Ruta 20 - Los Cumbres



E o céu escurece a nossa frente na estradinha nova para Villa General Belgrano
Fim da linha!

O rio está atravessando a estrada - Só nos resta dar meia volta!

Carro atravessando o rio...
Pouco depois começa a chuva:

Embaixo do ponto de ônibus aguardando a chuva passar...
Mais um rio que se formou na pista



Na mercearia...Escrevendo o blog... Aguardando o rio baixar...

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6 Comentários

  1. Quando fomos a cafayate eu vi na estrada varias placa " Badenes"
    Acho que era isso,depois fiquei sabendo que são os rios que passam por cima da estrada na cheia .
    Acho que foi isso que voces enfrentaram.
    Mas o importante é que deu tudo certo

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  2. Uma observação, antes do Fábio passar eu iria na frente para ver a pé para ver a profundidade do rio...

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    1. Kkkkk....
      Mas acho que ia precisar de um salto alto! Bjs

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    2. Minha amiga, eu nunca desço do salto!...

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  3. Po, o primeiro rio dava hein?

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  4. Eu também acho que o primeiro rio estava passável...
    Mas ai não teriam ocorridos os demais imprevistos e ficaria sem graça para contar para nós.

    Não que desejamos percalços para vocês na viagem mas que fica mais legal de contar os desafios superados, isso fica sim!!!

    A propósito as fotos da tarde já mostravam que o final da tarde seria de muita chuva.

    Beleza! Passou vamos ler os relatos seguintes!

    Parabéns por mais esta etapa molhada...

    Ademir

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